GR28 – Trilhos por montes e vales

Por montes e vales ninguém nos para!!! GR28, Trilhos e Percursos Pedestres.

O GR28, a maior rota do Arouca Geopark, é o ponto de partida para uma caminhada ao longo de quase 90 quilómetros, com direito a vistas panorâmicas, geossítios classificados, aldeias de montanha abandonadas e, claro, boa carne arouquesa.

Texto Ana Patrícia Cardoso

Arouca, no distrito de Aveiro, é uma opção segura para uma escapadela em qualquer altura do ano. Faltam palavras para uma paisagem quase intocada e a permanente descoberta por caminhos tão antigos quanto o tempo. A boa comida também está garantida (porque o Norte não falha) e o estômago quer-se cheio para os quilómetros a percorrer. A proposta é desafiante, mas a recompensa vale o esforço. O GR28 “Por Montes e Vales de Arouca” é o maior percurso pedestre do Arouca Geopark e são necessários alguns dias para percorrer os cerca de 85 quilómetros. Há vários desníveis, a dificuldade é moderada e contam-se algumas paragens obrigatórias. O percurso é circular, com início e fim em Arouca, junto ao Museu Municipal, atravessando os vales de Arouca, Paivó e Paiva, a serra da Freita, o Museu das Trilobites Gigantes – Centro de Interpretação Geológica de Canelas e o santuário da Senhora da Mó.

Do ponto de partida, caminha-se para São Salvador do Burgo, Santa Maria do Monte e Serra da Freita, onde se pode ver um dólmen de corredor da Portela da Anta, monumento megalítico com 6000 anos. Esta serra também é conhecida pelas pedras boroas do Junqueiro, blocos graníticos que lembram côdeas de broas. Segue-se Portela da, Souto Redondo e Póvoa Reguenga.

Mais à frente, um dos pontos mais interessantes do trajeto o Merujal – revive a ligação à antiga via romana que fazia a comunicação entre Mérida e Braga, passando por Valongo. Tanto por aprender e aprofundar e o caminho ainda não vai a meio. Perto do parque de campismo, há o entroncamento com outros percursos: o PR7 – Nas Escarpas da Mizarela, PR 14 – A Aldeia Mágica e o PR16 – São Pedro Velho, além da Rota dos Geossítios (G3 – S. Pedro Velho). Que tal uma paragem para descansar o corpo e criar memórias para a vida? A oportunidade apresenta-se nos miradouros de São Pedro Velo e Detrelo da Malhada, na serra da Freita. Beleza a perder de vista e novo fôlego para continuar. Passa-se o largo do coreto de Albergaria e enfrenta-se a subida até ao Vidoeiro, passando pela casa abrigo. Mais uma descida para o Tebilhão. O caminho chega até ao Candal, uma aldeia do vizinho concelho de São Pedro do Sul, passando pela igreja Matriz.

Paço de Vilharigues

São várias as opções de estadia que se cruzam com o GR28, mas há lugares que completam a experiência da forma certa, como o Paço de Vilharigues, a escassos 10 quilómetros das Termas de São Pedro do Sul. Porque não conjugar os dois a meio do percurso do GR28? No pequeno solar que data do XVII, o descanso merecido num dos nove quartos disponíveis é uma viagem no tempo. De ressalvar a opção para pessoas com mobilidade reduzida. Todos os cómodos estão equipados com casa de banho privativa, ar-condicionado, televisão com 60 canais e cama de casal. Dali, o passeio curto até às termas para um “presente” que o corpo já merece. Com mais de dois mil anos de história, são as maiores em Portugal. Suspeita-se que o rei D. Afonso Henriques frequentava estes banhos e, desde 1895 até à declaração da República, tinham o nome de Termas da Rainha D. Amélia. Oferecem todo o tipo de tratamentos naturais comprovados contra problemas respiratórios e musculares, entre outros. Para além de estarem inseridas no espetacular cenário do vale do Vouga. De volta ao Paço de Vilharigues, uma partida de bilhar ou de matraquilhos, uma pausa para leitura na biblioteca ou uma bebida no bar podem ser o final ideal de mais um dia de passeio.  

A próxima etapa da GR28 está repleta de mística. Subindo novamente para as antigas minas do Muro, chega-se a Silveiras e Cortegaça, aldeia abandonada, onde a imaginação terá a tarefa de sonhar as vidas ali passadas, na simplicidade do campo e da serra. É sempre um exercício que revigora, sobretudo, para fugir à azáfama da cidade.

Depois da subida, mais uma descida até Meitriz e vale do Paiva, onde se atravessa uma ponte para o lugar de Além-do-Barco, Vilar de Servos e Alvarenga. Aqui, a pausa merecida para um repasto inesquecível. Que o diga Décio Vieira e Manuela Barbosa, que gerem o restaurante “O Décio” há 30 anos, onde é possível saborear o bife à moda de Alvarenga, de carne arouquesa D.O.P. certificada, daqueles pratos que condizem com a paisagem e arrancam sorrisos rasgados. Também nesta aldeia, a “Casa dos Bifes Caetano”, faz jus ao ditado “o nome diz tudo”. Apostando na carne da raça arouquesa, as especialidades incluem bife e vitela assada no forno e ainda cabrito do monte. Atenção que as doses são grandes.

Segue-se uma viagem para um tempo tão distante que julgamos impossível de rastrear. Subindo para Canelas e para o Museu das Trilobites Gigantes – Centro de Interpretação Geológica de Canelas, é possível visitar a exposição privada das trilobites que habitaram os oceanos há 500 milhões de anos e foram descobertos em ardósias ao longo dos anos. Dali, mais uma vista panorâmica na Senhora da Mó. A descida até Arouca marca o fim definido do passeio, mas, se as pernas deixarem, explorar a vila vale muito a pena e conhecer a Capela da Misericórdia, que data de 1612, mas também parar na Casa dos Doces Conventuais de Arouca, onde a conhecida “barriga de freira” é o troféu merecido antes de pernoitar num dos lugares mais inesperados de todo o roteiro.

Quintãs Farm Houses

É ali mesmo, no centro da vila, ao lado dos Correios, que está o portão para as Quintãs Farm Houses, um turismo rural que é uma espécie de zoológico de luxo, onde vivem cerca de 100 espécies diferentes de animais, entre vacas, cavalos, gansos, zebras, gazelas, pavões, galinhas, veados, perus, etc… São 400 bichos, muitos trazidos de jardins zoológicos, que vivem em harmonia com a natureza e “sorrisos” no rosto para os hóspedes das duas casas construídas de raiz, em forma de espigueiro, e um apartamento no rés-do-chão. Já se imaginou a tomar o pequeno-almoço e ser abordado por uma zebra? Mais contacto com a natureza, impossível. Os mais novos não resistem ao ambiente e para eles também há mini tratores e galochas para brincadeiras ao ar livre. Desde 2017 que Jorge Ferreira recebe viajantes de todo o mundo na sua propriedade e muitas são as noites onde se partilham experiências à volta da grande lareira exterior. As casas oferecem todas as comodidades como cozinha equipada, wi-fi, televisão, ar-condicionado ou salamandra. Depois de 85 quilómetros, um mergulho na história da evolução da Humanidade e mesa farta, é difícil imaginar melhor descanso que este.

Contactos

Onde Ficar

Paço de Vilharigues

Morada: Rua Cabo da Torre, 3670-152 Vilharigues
Tel.: 961 528 581
Preço:
a partir de 60 euros/noite

Quintãs Farm Houses

Morada: Rua Bombeiros Voluntários de Arouca, 3., Arouca
Tel.:
910 296 327
Preço: A partir de 180 euros

Onde Comer

O Décio

Morada: Trancoso, Alvarenga, Arouca
Tel.: 256951666
Preço: 17 euros

Casa dos Bifes Caetano

Morada: Albisqueiros, Alvarenga
Tel.:
256 955 150
Preço:
25 euros

Casa dos Doces Conventuais de Arouca

Morada: Avenida 25 Abril 22-B, Arouca Tel.: 256946066

Onde Ir

Centro de Interpretação Geológica de Canelas

Morada: Lugar de Cima, Canelas
Tel.: 917766141
Horário: Terça a sábado, 10:00h às 12:00h e das 14:00h às 17:00h
Preço: 5 euros

Termas de São Pedro do Sul

Morada: Praça Dr. António José de Almeida, Várzea
Tel.:  232 720 300
Horário: De segunda a domingo, das 08h00 às 13h00 e das 16h00 às 19h00
Preço: sob consulta

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